sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sentimento, costume ou carência?


Quando conhecemos uma pessoa e começamos a nos relacionar com ela, vamos criando laços de amizade, companheirismo, cumplicidade... E em pouco tempo nos sentimos encantados de tal maneira, que passamos a acreditar que dali esteja surgindo um sentimento. Mas raramente analisamos a situação para saber se tudo isso não é causado por alguma carência afetiva.
Muitas vezes, estamos sozinhos e empobrecidos de sentimentos quando conhecemos alguém; e essa nova pessoa que apareceu "na hora exata" passa a ser tudo que queríamos, e por consequência achamos que estamos apaixonados. Confundimos um sentimento com uma carência.
Além disso, tenho observado relacionamentos ja desgastados, onde o sentimento se perdeu no caminho, mas as pessoas insistem sem percebem que tudo isso não passa de uma questão de costume; Depois de passar um certo tempo com uma mesma pessoa é natural que se crie hábitos e uma rotina a dois, o término não é algo fácil; e por essa dificuldade em colocar um ponto final, o costume é confundido com um sentimento.
Na minha opinião, o sentimento, ou o amor, é muito mais do que todas essas coisas. É mais do que estar acostumado com tal pessoa, é mais do que "ele apareceu na hora certa", é mais do que tudo. É algo cuja explicação inexiste. É o querer bem, é o gostar de estar junto, é o "entregar-se" mais profundo, é o fazer sem esperar retorno, é mesmo separados desejar o melhor para o outro. É o simples, e ao mesmo tempo complexo. É algo que até hoje eu não vivi, que as vezes penso não existir; mas que no fundo do meu coração, eu guardo para alguém; alguém que esse mesmo coração espera que chegue em breve.

sábado, 16 de abril de 2011

Lembranças de uma vida que ainda transborda...





Ruas, casas, praças, parques... Memórias. Uma vida que no seu dia-a-dia vai avançando, despercebia, entre a rotina e o lazer. Com o passar dos dias, as responsabilidades vão se tornando cada vez maiores e em maior número, fazendo com que o tempo passe cada vez mais rápido e muitas vezes despercebido.
A infância ja passou, a época de colégio ja passou, então chega a tão esperada maioridade; porém, junto com ela, chega o momento onde nos cabe tomar os caminhos que decidirão o futuro de nossas vidas. Os amigos vão tomando rumos diferentes, e aos poucos, o afastamento se torna cada vez mais inevitável. Romances vem e vão, e a família vai se reduzindo com o tempo.
Os lugares em geral são os mesmos; porém as pessoas mudaram. Como pode algo que nos fez tão feliz, hoje se perder a ponto de tornar-se uma vaga lembrança? Passo em diversos locais, principalmente praças e ruas, e uma nostalgia me consome. O tempo escorreu entre meus dedos, e continua a escorrer cada vez mais com os dias que passam, e eu nada posso fazer, a não ser aproveitar os segundos como se fossem os últimos.
Ainda ontem, eu estava dando o meu primeiro beijo, que foi em uma praça. Praça na qual eu brincava com minhas primas na infância, onde passei tardes da adolescência, onde já briguei com ex namorados, já conversei com amigos, já chorei, já gargalhei... e tudo continua lá, do mesmo modo; salvo algumas reformas,claro, mas no geral nada mudou. Assim como eu, várias pessoas já devem ter passado por aqueles bancos em situações diversas; pessoas que talvez não habitem mais esse mundo. E assim tudo vai ficando para trás.
No amanhã eu também deixarei de existir, e tudo que eu fui e sou hoje vai se perder com o passar das gerações... Mas aquela praça, aqueles bancos e até mesmo aquelas árvores guardarão consigo, uma história que também foi minha.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pés cansados

Segundo a afirmação de Vinicius de Moraes, a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Essa frase me chamou atenção, e de começo eu discordei, mas pensando com calma, cheguei a mesma conclusão do poeta, como mostrarei agora.
Se pararmos pra pensar em quantos desencontros aconteceram no decorrer de nossas breves vidas, perceberemos que eles são, sem sombra de dúvida, extremamente maior em número do que as coisas que ao nosso ver "deram certo". Mas, se pensarmos em quanto vale cada pequeno encontro, anulamos a importância das coisas que não saem como esperamos.
O exemplo mais comum, e mais usado por mim, e meu coração sempre tão vulnerável e ainda imaturo, é o dos relacionamentos afetivos. Quantas vezes fazemos diversas coisas pelo "gostar", esquecemos o orgulho, viramos poetas e esquecemos de nós mesmos, quase como super-heróis... E a pessoa de nosso alvo parece estar cega e surda, não percebe ou não corresponde as nossas intensidades. O tempo passa, vamos cansando, e percebendo que tal pessoa, na verdade, não merece nossas lágrimas, nossas ansiedades e nossas noites de sono; então passamos a gostar de nós mesmos novamente. Quando isso acontece, o outro percebe; e quando percebe faz de tudo para que as coisas voltem a ser como antes, passam a dar valor a cada gesto, antes passado em branco. Mas será que quando essa pessoa passar a nos valorizar, e se disponibilizar a fazer tudo que não foi feito antes, nós ainda vamos sentir o mesmo e querer as coisas que queríamos antes? Todos sabemos que não. Pra quem gostou, sentiu, chorou e do seu mais intimo, se doou, não quer mais saber de mudanças, não quer mais investir em uma coisa que não deu certo, e que deixou mágoas. Esse é o exemplo mais claro de desencontros pela vida... Pessoas que se gostaram, de verdade, -por que não?- mas em tempos diferentes.
E quando, depois disso, depois de sucessivos desencontros o coração calejado não quer mais saber de procuras. Ai aparece alguém, alguém que faz por nós, tudo que ninguém jamais fez, é tudo que procurávamos, e talvez nessa pessoa esteja o tão sonhado encontro, que dará sentido á vida. Mas será que é assim que acontece? Mais uma resposta não... Dessa vez, cansados, não conseguimos nos entregar, e somos com esse novo amor, como o anterior foi conosco; fazendo com que a história acima se repita, mas inversamente.
E assim a vida vai seguindo, sucessivamente...
Desencontros seguidos de desencontros.
Mas, se depois de tantas lágrimas e noites virando na cama,conhecermos um outro alguém. Alguém que pensa como nós, que esta cansado da mesma forma e também já não procura nada; e dali surgir finalmente um encontro?
Possivelmente todos aqueles desencontros anteriores sejam insignificantes, porque a felicidade que se experimentaremos, será absoluta e trará finalmente um sentido à vida.