sexta-feira, 15 de abril de 2011

Pés cansados

Segundo a afirmação de Vinicius de Moraes, a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Essa frase me chamou atenção, e de começo eu discordei, mas pensando com calma, cheguei a mesma conclusão do poeta, como mostrarei agora.
Se pararmos pra pensar em quantos desencontros aconteceram no decorrer de nossas breves vidas, perceberemos que eles são, sem sombra de dúvida, extremamente maior em número do que as coisas que ao nosso ver "deram certo". Mas, se pensarmos em quanto vale cada pequeno encontro, anulamos a importância das coisas que não saem como esperamos.
O exemplo mais comum, e mais usado por mim, e meu coração sempre tão vulnerável e ainda imaturo, é o dos relacionamentos afetivos. Quantas vezes fazemos diversas coisas pelo "gostar", esquecemos o orgulho, viramos poetas e esquecemos de nós mesmos, quase como super-heróis... E a pessoa de nosso alvo parece estar cega e surda, não percebe ou não corresponde as nossas intensidades. O tempo passa, vamos cansando, e percebendo que tal pessoa, na verdade, não merece nossas lágrimas, nossas ansiedades e nossas noites de sono; então passamos a gostar de nós mesmos novamente. Quando isso acontece, o outro percebe; e quando percebe faz de tudo para que as coisas voltem a ser como antes, passam a dar valor a cada gesto, antes passado em branco. Mas será que quando essa pessoa passar a nos valorizar, e se disponibilizar a fazer tudo que não foi feito antes, nós ainda vamos sentir o mesmo e querer as coisas que queríamos antes? Todos sabemos que não. Pra quem gostou, sentiu, chorou e do seu mais intimo, se doou, não quer mais saber de mudanças, não quer mais investir em uma coisa que não deu certo, e que deixou mágoas. Esse é o exemplo mais claro de desencontros pela vida... Pessoas que se gostaram, de verdade, -por que não?- mas em tempos diferentes.
E quando, depois disso, depois de sucessivos desencontros o coração calejado não quer mais saber de procuras. Ai aparece alguém, alguém que faz por nós, tudo que ninguém jamais fez, é tudo que procurávamos, e talvez nessa pessoa esteja o tão sonhado encontro, que dará sentido á vida. Mas será que é assim que acontece? Mais uma resposta não... Dessa vez, cansados, não conseguimos nos entregar, e somos com esse novo amor, como o anterior foi conosco; fazendo com que a história acima se repita, mas inversamente.
E assim a vida vai seguindo, sucessivamente...
Desencontros seguidos de desencontros.
Mas, se depois de tantas lágrimas e noites virando na cama,conhecermos um outro alguém. Alguém que pensa como nós, que esta cansado da mesma forma e também já não procura nada; e dali surgir finalmente um encontro?
Possivelmente todos aqueles desencontros anteriores sejam insignificantes, porque a felicidade que se experimentaremos, será absoluta e trará finalmente um sentido à vida.

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